Tocantins sai do ponto morto e engata a marcha para um novo tempo!
Por Goianyr Barbosa
Realmente, muito estranho, suscita questionamentos, desconfiança e, no melhor do termo, sobrou mesmo foi pusilanimidade de como em mais de três anos de governo Carlesse, diga-se, sob o signo da rapina e da trapaça, poderes, instituições, órgãos e entidades da sociedade comportaram-se de "remela" nos olhos, cerume nos ouvidos e trinco na boca. Segundo os de boa índole, que jamais se curvaram ante aos desatinos governamentais, havia uma colmeia instalada ao lado do trono do governador, da qual uma tubulação de mel irrigava e abastecia, ou melhor, adocicava a boca de muita gente grande, por exemplo, autoridades constituídas, empresários medrosos, fazendo-os cegos, surdos e mudos, enquanto o Estado era pilhado, roubado, empresários extorquidos, adversários espionados e até penalizados com produções de provas fraudadas. Havia, na verdade, uma espécie de "tribunal acusatório" sendo montado para destruir adversários, cooptar partidos políticos, autoridades do judiciário para as finalidades de erigir um superpoder no Tocantins, duradouro, com as rédeas sob o comando do "poderoso chefão" e um pequeno grupo de pessoas, alguns com DNA tocantinense, outros, porém, passageiros, temporários, tipicamente sanguessugas.
Após Carlesse receber o cartão vermelho do Superior Tribunal de Justiça (STJ), expulsando-o do Palácio Araguaia, por um lapso de tempo de 6 meses, passei muito a meditar na clássica frase do filósofo iluminista francês, François Marie Arouet, batizado de Voltaire, que afirmou: "Que Deus me proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu". Aí entra o questionamento: na verdade, o governador destronado tinha ou tem amigos? Num artigo brilhante do jornalista Edson Rodrigues, no seu O Paralelo 13, este o chamou de "defunto sem choro". Ora, o cadáver nem havia esfriado, ainda estava sendo necropsiado pela Polícia Federal e, sem o mínimo pudor, os carlessianos já estavam bajulando o novo titular do cargo, ou seja, Wanderlei Barbosa. Era, portanto, obrigação imperiosa que, do primeiro ao segundo escalão, todos entregassem os cargos, visto que, graças a Carlesse foram nomeados. Aliás, essa prática asquerosa é antiga por aqui, já presenciei na época do afastamento do governador Marcelo Miranda, todos os seus secretários correndo aos braços de Gaguim, sem ao menos um agradecimento ao ex-chefe. Como disse Edson, Carlesse é mesmo um defunto sem choro, pois os seus ex-aliados já o consideram a sete palmos, no fundo da cova e sem a menor chance de ressurreição, com a lápide sobre seu túmulo. Enfim, nem foram à missa do sétimo dia dele e muito menos rezaram em intenção à sua alma, conforme o ritual católico.
Um novo Tocantins
A velocidade nas tomadas de decisões e os acertos delas por parte do governador Wanderlei Barbosa, em escassos dias à frente do Executivo, vem impressionando os tocantinenses, além dos que não viam nele vocação para o ofício administrativo. De fato, o seu primeiro grande feito foi decidir, ouvindo a vontade do povo, pelo cancelamento da concessão do Parque do Jalapão, vastamente criticado por este jornalista como um projeto entreguista, intempestivo e que só beneficiaria uma pequena casta de políticos. Por outro lado, o Tocantins jamais será competitivo sem a adoção de uma política de desenvolvimento industrial, atraindo para cá médias e grandes empresas, com a finalidade de fomentar negócios e aumentar o ritmo de crescimento da economia. No entanto, a política do governo anterior era perversa, pois obrigava o empresário a se associar com o governante e este vir a ter partes robustas nos lucros dos tais empreendimentos. Pois bem, essa prática abominável foi revogada pela nova gestão, que agilizou de forma célere as licenças de uma usina localizada em Dianópolis, a Central Hidrelétrica Manoel Alves, um empreendimento de cerca de R$ 100 milhões, prontos ao funcionamento há dois anos, contudo a gestão Carlesse vinha protelando a entrega do alvará de funcionamento à espera de receber altas recompensas do investidor, conforme delação em público do seu diretor no dia do evento.
Na cidade de Almas, Sudeste do Estado, uma grande empresa de mineração, a Aura Minerals, negociava há tempos com o governo estadual uma licença para pôr em funcionamento um investimento de aproximadamente R$ 350 milhões, com geração de 800 empregos diretos e quase 4 mil indiretos. Na ocasião de seu discurso em Dianópolis, o governador prometera em público ao prefeito de Almas, Vaguinho, que em menos de um mês estaria na cidade entregando a licença. Pois bem, no último dia 8, quarta-feira, Wanderlei lá compareceu acompanhado de parte de seu secretariado, deputados que representam a região e em evento bastante concorrido, com a presença da população almense e autoridades pôs fim ao impasse que já se arrastava para um final infeliz, ou seja, a saída da empresa do Estado. Em mais um ato certeiro, Wanderlei conquista admiradores e vai colocando o Tocantins nos trilhos do progresso. Outra decisão digna de nota, foi abrir o Palácio Araguaia ao povo. Afinal, o mesmo era frequentado por gente de paletó e gravata e grandes lobistas. Hoje, não, a sede do governo está aberta ao público, às pessoas humildes, lideranças políticas e sociais vêem o local como a nova casa de povo.
Servidor valorizado
Um clima de bastante expectativa povoa os servidores públicos estaduais, consoante anúncio do governador Wanderlei Barbosa de pagar progressões e data-base, referentes aos anos de 2008 a 2016. A previsão é de que R$ 150 milhões sejam pagos ainda este ano. Na pauta de pagamentos, estão como prioridades os funcionários da educação e saúde. E as ações não param; no âmbito rodoviário, muitas das rodovias que não possuem asfaltamento estão entre as prioridades, como, por exemplo, o trecho de Santa Maria a Itacajá; no Sudeste, rodovia que liga Conceição, passando por Taipas até a TO-O40, que faz ligação com a cidade de Dianópolis. A propósito, em recente audiência com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, Wanderlei solicitou a federalização dos trechos, a saber: TO-050, ligação de Silvanópolis a Porto Nacional; TO- 020, de Palmas a Aparecida do Rio Negro e TO-335, de Colinas a Palmeirante. E se não bastasse, a agenda frenética do governador é extensa, cheia de variedades. Durante o dia, quando está no Palácio, as audiências se estendem até altas horas da noite. Fora do Palácio Araguaia, a agenda é sempre puxada, ou seja, ouvindo o povo e as lideranças nos municípios, além das partidas de futebol que participa, inegavelmente um fominha por jogos de futebol.
Criação de um Plano de Metas
À medida que se torna improvável a volta de Carlesse ao Governo, urge ao gestor substituto a criação de um plano de metas com alcance em todas as áreas do governo. Nesse sentido, criar-se-ia uma comissão com técnicos renomados e experientes, a partir de debates amplos, de diálogos com a sociedade a fim de elaborar o referido plano que, aliás, agrupasse setores importantes como o de infraestrutura, saúde, educação, indústria, turismo, agricultura, entre outros. Com isso, Wanderlei colocaria em prática um novo modelo de gestão diferenciado, pois trabalharia com dados mais precisos, visando alcançar o desenvolvimento econômico e social do Estado. Associado a tudo isto, uma comunicação eficaz, integrada, inteligente e ao encontro do público-alvo. Entretanto, tudo isso só terá valor agregado, adesão da sociedade, com a adoção de medidas firmes, não aceitando desvios de conduta, em nenhuma hipótese, de seus auxiliares. De modo que, onde houver claros sinais de negociatas, abra sindicância e apure. Havendo culpados, que sejam imediatamente afastados das funções. Em suma, com o pilar da ética como símbolo da gestão, o tocantinense será o maior aliado do governo, cooperador, retribuindo nas urnas os bons feitos recebidos.
*Goianyr Barbosa é jornalista e consultor político