Professor Gerson, pré-candidato à Deputado Estadual concede entrevista sobre sua trajetória no Tocantins
Professor Gerson é sociólogo, professor de sociologia e filosofia no Instituto Federal do Tocantins (IFTO)
O Portal Correio do Bico entrevistou Professor Gerson, Sociólogo, professor de sociologia e filosofia no Instituto Federal do Tocantins (IFTO) desde 2010, que atualmente é um dos pré-candidatos a Deputado Estadual no Tocantins pelo PSB.
Tocantinense, do Bico do Papagaio Professor Gerson falou sobre as suas origens e por quais motivos resolveu aceitar o desafio de ser pré-candidato a Deputado Estadual no Tocantins.
Gerson Alves de Oliveira, é um homem casado, tem dois filhos. Natural de Nazaré – Tocantins, morou na cidade de Ananás durante toda infância e adolescência.
Confira essa entrevista, permeada de novidades sobre essa promessa da Política Tocantinense, na íntegra
Conte-nos um pouco sobre sua trajetória de vida.
"Sou filho de migrantes nordestinos. Meu pai, Salustiano José de Oliveira e minha mãe, Liduina Alves de Oliveira trabalharam a vida toda como lavradores, hoje estão aposentados. Meu pai estudou até a quarta série e minha mãe é analfabeta. Apesar dessa pouca formação, sempre incentivaram os filhos a estudar, e fizeram de tudo para que eu tivesse uma profissão que não fosse somente o cabo da enxada.
Digo sempre que a herança que eles deixaram para os filhos foi o estudo, numa época em que estudar era privilégio de poucos, o que era ainda mais difícil para quem sempre trabalhou na roça.
Com todo o apoio de toda a minha família, fiz o curso superior de Sociologia e me formei pela Universidade Estadua de São Paulo (UNESP), na cidade de Marília, entre os anos de 2002 a 2006. Lembro que cheguei em São Paulo em 1995 com um sonho: ser sociólogo!
Influenciado pelo então presidente da república Fernando Henrique Cardoso. Eu achava o máximo o modo como ele falava. Já naquela época eu já acompanhava a cena política brasileira. Lembro do meu pai, com um radinho de pilha, acompanhando a eleição entre Tancredo Neves e Paulo Maluf. Com ele aprendi o gosto pelos estudos e o interesse pela cena política: duas fortunas que ele me deu."
Quais as razões para você ser pré-candidato a deputado estadual?
"Essa decisão não foi algo isolado, pois vem sendo construída de forma coletiva faz algum tempo. É parte de um processo maior em diálogo com alguns movimentos sociais, estudantes, professores(as) e amigos. Há um anseio de mobilização, de um posicionamento político com pautas que representem as necessidades do nosso bairro, da nossa cidade e do nosso querido estado. Penso que precisamos ser melhores representados na política, sobretudo por pessoas comprometidas com o bem-estar social da comunidade.
Sou de origem humilde, filho de lavradores como disse. Trabalhei na roça até minha adolescência. No entanto, sempre fui questionador e observador do mundo à minha volta e sempre me perguntava sobre a miha realidade social . Na infância e parte da minha adolescência, na cidadezinha onde morava, via aqueles comícios longos em época de campanha eleitoral. Por vezes, tais comícios eram os únicos eventos que assistíamos, pois em meio a pobreza e a exclusão, não nos restava muita coisa a fazer. Enquanto menino, via e me admirava dos longos discursos de figuras como Henrique Santillo, Iris Resende, Otávio Lage e até mesmo Siqueira campo. Era uma empolgação, ver os fogos e a agitação da cidadezinha onde morava. Mal sabia dos bastidores e do quanto éramos iludidos por aquilo tudo. Mas, ainda assim, aprendi com aquilo e via uma janela para o mundo para além da realidade em que vivia. Sem saber, aprendia e ao mesmo tempo exercitava a cidadania de criança, em um mundo de sonhos, construído com as palavras do rádio e dos discursos naqueles comícios.
Ali já nascia o Gerson cidadão! A pré-candidatura, portanto, é parte desse chamamento e desse incômodo de criança que via, mas, não aceitava o porquê do cotidiano da maior parte das pessoas ser tão desigual e tão violento. Pois não existe violência maior que a da fome e da exclusão social de famílias inteiras. E essa violência costuma ser maquiada porque incomoda o povo da Casa-Grande.
O alicerce dessa pré-candidatura é a luta por uma educação pública de qualidade, pela valorização do(a) professor(a), pois no caminho da emancipação e da cidadania, a educação é um instrumento essencial. Se hoje nosso estado enfrenta um verdadeiro desmonte do serviço público, isso se deve em parte pela ausência de uma consciência política, enquanto mecanismo de fortalecimento da sociedade civil. Como professor, entendo que é preciso valorizar a política, pois não há mudança possível fora dela. Mas, antes é preciso fazer um debate sobre o que é política e a relação com a vida em sociedade.
Trazer essa discussão para o debate público é necessário e urgente. Vivemos em um momento de esvaziamento dos mecanismos que nos permitem participar das tomadas de decisões sobre nossa vida. Nesse caminho, a juventude é central para ocupar os espaços e promover a consciência política, seja na escola, no bairro e/ou na cidade. Vejo esse esvaziamento como uma forma de fazer valer os interesses de pequenos grupos em desfavor das famílias de trabalhadores(as).
Como professor, cientista e cidadão, sinto-me maduro para participar e contribuir na vida política do meu estado."
O que você considera importante para um político?
"Essa questão é uma questão difícil, pois no Brasil política é sinônimo de roubalheira e ausência de ética. Um “lugar” sem lei onde muitos vão para se dá bem e lucrar com a miséria dos outros, se aproveitando das beneficies do Estado. Esse pensamento prevalece no senso comum, enquanto mantra, cujo fundamento reside no fato de que a política é algo feito no mundo privado, nos bastidores dos acordos entre amigos e conhecidos. Existe a ideia de que é preciso sair vendendo um produto e oferecendo recursos e facilidades para quem é do seu grupesco. Como diria a máxima: “aos meus amigos tudo, aos meus inimigos a lei”. Essa visão é danosa e prejudicial. Ela enfraquece a institucionalização da coisa pública.
A política não pode ser compreendida como um lugar de privilegiados e a eleição como o único momento em que nossos representantes saem às ruas e conversam com o povo. Essa prática corrói o poder que cada um de nós possuimos como cidadão/cidadã e privilegia um grupo que faz de tudo para se perpetuar no poder, interpretado como um lugar para poucos. A política e, consequentemente, o político somos todos nós. Não há sociedade sem política, não existe humanidade sem política. Ela é a arte de fortalecer a coletividade e de permitir que possamos viver em grupo, resolvendo os conflitos do dia-a-dia com base no respeito e bom senso. Por isso usamos a política para pensar o futuro e construir uma sociedade onde todos e todas possam participar e desfrutar daquilo que ela oferece com equidade. Portanto, ser político é assumir e reconhecer nosso papel enquanto cidadão/cidadã."
O que fazer para mudar esse pensamento sobre a política?
"Em uma sociedade como a nossa, onde uma grande quantidade de pessoas passam fome e não possui os mecanismos necessários para questionar o como e o porquê há pouca gente riquíssima e tanta gente na miséria, as relações sociais e o modo como vivemos a política reflete tais questões. Pensar qualquer alternativa, passa por um processo de esclarecimento e de entendimento crítico e, acima de tudo, de engajamento e de luta. Um empreendimento por vezes solitário e exaustivo, mas, necessário!! Um dos mecanismos que nos permitirá superar isso é a educação. Não basta somente distribuir renda, é preciso antes, fortalecer a cidadania e os instrumentos que farão com que a sociedade civil participe e dê a sua contribuição."
Quais são suas propostas como pré-candidato?
"Lutar por mais concursos em áres que sofrem escasses de serviço publico de qualidade; lutar por mais construção de escolas e creches; por um plano de carreira que valorize o professor; pela expansão da rede de atendimento à saúde; pela valorização da agricultura familiar; por mais política de preservação ambiental; pelo fortalecimento de políticas contra o racismo e discriminação contra populações vulneráveis.
São questões chaves para pensar a atuação nessa pré-campanha. Por exemplo, a valorização da educação se mostrou um retrocesso enorme nesses últimos tempos. No entanto, não existe sociedade forte se a educação é fraca e ruim. Nosso estado tem condições de ampliar a qualidade do ensino ofertando serviço público de qualidade, usando o espaço escolar como ambiente de inclusão com profissionais capacitados atuando em diferentes áreas e, fomentando economicamente, regiões onde prevalece a pobreza, o desemprego e a baixa qualidade de vida. Nesse aspecto, a valorização do professor é primordial. São questões que impactam diretamente o dia a dia das pessoas e, cujo debate é essencial e urgente no processo político atual. Em meio a tudo isso, penso que precisamos lutar! Luta pela liberdade, por mais representatividade, por mais dignidade de todos e todas. Isso só pode ser possível ocupando os espaços de poder, a ágora, e, assim, contribuir com ações e tornar possível outro caminho que nos possibilite resgatar a esperança e a boa política."
Professor Gerson é uma das promessas do PSB nessas eleiçoes para renovar o legislativo estadual com suas ideias sobre política social.