Blogueiro militar morre em ataque a café na Rússia

Vladlen Tatarsky era um dos correspondentes de guerra mais proeminentes da Rússia e foi morto em uma explosão em um café em São Petersburgo. Embora defendesse a invasão da Ucrânia, criticava aspectos da campanha russa.O blogueiro militar Vladlen Tatarsky, um dos mais conhecidos da Rússia, morreu neste domingo (02/04) numa explosão em um café na cidade de São Petersburgo, a segunda maior do país. De acordo com o Ministério da Saúde russo, outras 32 pessoas ficaram feridas.
Uma mulher de 26 anos foi presa. Segundo o Comitê de Investigação da Rússia, ela teria presenteado o blogueiro com um busto, que explodiu.
A detonação ocorreu no café Street Food Bar No. 1, que, segundo a imprensa russsa, pertence a Yevgeny Prigozhin, fundador do Grupo Wagner, organização paramilitar privada russa que luta ao lado de Moscou na guerra de agressão contra a Ucrânia.
Tatarsky, cujo nome verdadeiro é Maxim Fomin, estaria participando de uma "noite patriótica", organizada pela Cyber Front Z, um grupo que se refere a si próprio como "tropa de informação da Rússia".
"Houve um ataque terrorista. Tomamos certas medidas de segurança, mas, infelizmente, elas não foram suficientes", disse o grupo no Telegram.
Críticas à campanha russa
Tatarsky foi correspondente na linha de frente da Ucrânia e chegou a participar de uma luxuosa cerimônia do Kremlin, em setembro do ano passado, na qual foi proclamada a anexação ilegal pela Rússia de quatro regiões parcialmente ocupadas da Ucrânia.
Originalmente da região do Donbass, no leste da Ucrânia, Tatarsky era um dos mais proeminentes blogueiros militares da Rússia e tinha mais de 560 mil seguidores no Telegram. Em 2014, ele lutou pela primeira vez como insurgente pela independência do Donbass, antes de começar a escrever o blog.
Embora fosse um defensor vocal da guerra na Ucrânia, ele criticou alguns aspectos da campanha russa. Em seu blog, distribuía vídeos sobre o que estava acontecendo no front na Ucrânia e, mais recentemente, dava dicas a jovens soldados russos sobre como se comportar nas batalhas.
Especulações sobre o envolvimento da Ucrânia
Embora inicialmente ninguém tenha assumido a responsabilidade pelo crime, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia e outros repórteres militares russos sugeriram o envolvimento da Ucrânia no ataque.
No entanto, Prigozhin acredita que um grupo de radicais esteja por trás do assassinato.
"Eu não culparia o regime de Kiev por essas ações", disse. Para ele, trata-se de um ataque "de um grupo radical que provavelmente não tem qualquer conexão com o governo [em Kiev]".
Prigozhin elogiou o blogueiro como um patriota e o homenageou na cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde ocorrem intensos combates entre as tropas russas e ucranianas: ele hasteou uma bandeira russa com o nome de Tatarsky no prédio da administração.
Ucrânia suspeita de envolvimento de oposição interna russa
Antes da prisão, o conselheiro presidencial ucraniano, Mykhailo Podoliak, indicou que a oposição doméstica à invasão do Kremlin na Ucrânia seria responsável pelo crime.
"As aranhas comem umas às outras em uma jarra", escreveu Podoljak no Twitter.
Para ele, a questão de quando o terrorismo doméstico se tornaria um instrumento de lutas políticas internas "era uma questão de tempo".
Elogio de nacionalista
O ideólogo nacionalista Alexander Dugin, um dos gurus do presidente Vladimir Putin, elogiou Tatarsky como um "herói imortal", que "morreu para salvar a vida do povo russo".
Em agosto do ano passado, a filha de Dugin morreu na explosão de um carro-bomba em Moscou. Daria Dugina, de 29 anos, era filósofa e publicitária e apoiava a invasão da Ucrânia pela Rússia.
le/gb (AP, AFP, DPA, Reuters)