Perspectiva mandioca: menor produtividade deve limitar oferta em 2020

Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o período de estiagem no segundo semestre de 2019, que atrasou o plantio de raiz de mandioca em parte das regiões do Centro-Sul, poderá resultar em menor produtividade em 2020. Esse cenário deve reduzir a oferta de mandioca para as indústrias de fécula e de farinha ao longo do ano.
Para o primeiro semestre de 2020, especificamente, estimativas do Cepea indicam que a disponibilidade de mandioca de dois ciclos deve ser baixa, caso não se avance com a colheita de raízes mais novas, o que vai depender dos preços. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área ocupada com mandioca em 2018 totalizou 1,22 milhão de hectares, queda de 4,4% frente ao ano anterior, cenário que também reforça a possível menor oferta no correr de 2020.
Já a demanda pela matéria-prima, por sua vez, poderá crescer neste ano, impulsionada principalmente por fecularias. Mesmo com o acréscimo na área cultivada por algumas empresas, a comercialização deve continuar dependente do spot, cenário que pode impulsionar as cotações.
Quanto aos custos de produção, agricultores acreditam em aumento em 2020, fundamentados nas altas nos valores de arrendamentos, aos maiores gastos com combustíveis e ao encarecimento de insumos importados, como fertilizantes e defensivos.
FÉCULA – O volume de fécula produzido terá que crescer neste ano para conseguir atender ao possível aquecimento na demanda – em 2019, vale lembrar, a produção caiu em relação ao ano anterior, segundo dados do Cepea. Não há expectativa de novos entrantes no mercado em 2020, e as ampliações das plantas industriais, fusões ou aquisições não devem avançar expressivamente, o que manteria ou até reduziria a oferta do derivado no mercado.
Do lado da demanda, de acordo com o Boletim Focus, do Banco Central do Brasil, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance 2,25% em 2020 e que o crescimento industrial fique em 2%. Diante disso, agentes acreditam em retomada das vendas de fécula para os segmentos industriais, com destaque para os de papel e papelão, indústria química e embalagens. No entanto, este possível cenário também dependerá do tamanho da oferta de amido de milho no mercado. (Noticiasagricolas)