Tribunal de Justiça tem mais de 6,4 mil processos envolvendo crimes contra a mulheres
Mais de 6,4 mil processos relacionados à crimes contra a mulher tramitam na Justiça — Foto: ReprodçãoTV Anhanguera

Mais de 6,4 mil processos envolvendo homicídios, feminicídios e outros crimes contra a mulher tramitam no Tribunal de Justiça do Tocantins. A maior parte se concentra em Palmas. São 1.690 só na comarca da capital. Um deles ganhou repercussão no país e envolve o assassinato da jovem Patrícia Aline dos Santos, encontrada morta no ano passado, num matagal perto de um shopping center de Palmas.
Nesta quinta-feira (8), o assassinato da jovem completou um ano. A mãe Nadir Paiva Santos se emociona ao falar sobre o caso. “Eu peço justiça, sei que a justiça vai ser cumprida. A minha filha foi, mas tá nas mãos de Deus. É a fé que eu tenho na justiça da terra e de Deus".
A investigação da Polícia Civil aponta que a vítima foi executada pelo então namorado Iury Italu Mendanha por causa de ciúmes. O Ministério Público Estadual pediu que o acusado seja condenado por feminicídio. Já o amigo dele, Silas Borges, que responde ao processo em liberdade, foi denunciado por favorecimento pessoal. Os dois devem ir a júri popular.
"A patrícia era uma pessoa maravilhosa, amava os bichos, era parceira, companheira. A gente sente falta da presença. A gente convive com a pessoa durante um certo tempo e perder a pessoa assim como foi, brutalmente. Uma vida inocente tirada por mero capricho. Ele confessou o crime, tudo mais. mas até hoje estamos esperando o julgamento. Não são dois meses, três meses, é um ano", desabafou uma amiga.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Tocantins, os casos de violência doméstica aumentaram 5% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram registrados mais de 500 casos em 2019, enquanto que em 2018 foram 481.
Números
Do total de 6,4 mil processos no TJ, 1.183 tramitam em Araguaína, 461 em Augustinópolis, 376 em Porto Nacional e 265 em Gurupi. Para a advogada Emileny Lázaro os números são positivos, mas preocupam.
“O aumento no número de processos é positivo, significa que as mulheres estão buscando ajuda. Mas ele também deve nos preocupar se ele só aumenta e não diminui, se isso não vira proteção concreta. Acho que devemos nos perguntar se esses processos estão sendo resolvidos, se a resolução está atendendo ao bem-estar da mulher e qual o tempo dessa resolução porque quando se trata de proteção à vida e integridade física, a resposta desse ser rápida”.
Nesta semana, o governo do estado instituiu o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, que deve ser lembrado nesta sexta-feira (9) e a Semana Estadual de Combate ao Feminicídio para sensibilizar e conscientizar a sociedade sobre a violência contra mulheres. A ideia é que sejam realizadas ações de mobilização, palestras, eventos e debates pra discutir o tema. Para a advogada, a medida é importante porque dá visibilidade ao problema, mas argumenta que é preciso investimento em políticas de prevenção.
“A lei é muito importante porque dá visibilidade, mas no momento em que se dá visibilidade é preciso materializar as políticas públicas. Não vai adiantar a gente ter uma semana e um dia específico se isso não reverberar em centros de referência funcionando, com pessoal especializado, com equipamentos e políticas públicas em funcionamento, com delegacias funcionando para que possa fazer esse atendimento na hora da violência, com delegacias de plantão especializadas, é importante ter delegacias 24 horas. Então a rede inteira precisa funcionar”. (G1)