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Sindicato das empresas rebate Carlesse, diz que há dinheiro para pagar dívida do Plansaúde e que atrasos são propositais

Fachada do prédio do Plansaúde em Palmas (Foto: Divulgação)

Por GILVAN BALBINO CALÇADOS

26/08/2019 03:00h

O Sindicato dos Estabelecimentos de Serviço de Saúde do Estado do Tocantins (Sindessto) rebateu em nota declaração do governador Mauro Carlesse (DEM), que em entrevista à imprensa, na sexta-feira, 23, em Gurupi, afirmou que as denúncias se devem às mudanças que o governo fez no Plansaúde e que teriam afetado em até 70% o faturamento de prestadores de serviços. A entidade chamou de “infelizes” as palavras de Carlesse.

Sequer estão recebendo
Para os prestadores de serviço, “não há como dizer que as regras novas do Plansaúde reduziram ou reduzirão o faturamento de empresas que sequer estão recebendo”. Segundo o Sindessto, há muitos anos o Plansaúde “não arca com seus compromissos com os prestadores de serviços”. “Pois os atrasos de pagamentos estão sempre violando o contrato, que prevê atrasos de no máximo 90 dias”, afirma.

Empréstimos para salários
Conforme a entidade, “muito pior do que isso” é que está ficando comum que esses atrasos “cheguem a terríveis oito meses”. “Forçando os hospitais e clínicas a arcarem com juros de empréstimos para continuarem o atendimento e honrar com o salário dos seus colaboradores, evitando assim a perda do sustento de milhares de famílias, o que abalaria a economia do Estado”, diz a nota.

Atrasos são propositais
O Sindessto defende na nota que existe dinheiro para pagar as empresas. A entidade afirma que o Fundo Estadual de Saúde (Funsaúde) teria R$ 300 milhões em caixa e a dívida com o setor é de R$ 95 milhões. Além disso, ressalta que, mesmo atrasando o pagamento, “o Estado continua recolhendo dos servidores o valor da contribuição do Plansaúde”. “Tornando claro que os atrasos são propositais para estrangular os prestadores de serviço e forçá-los a cair em armadilhas”, aponta.

Glosas acima do mercado
Fora isso, o Sindessto diz que o Plansaúde ainda opera altos cortes nos pagamentos – as chamadas “glosas” –, em valor percentual que seria muito superior ao padrão de mercado, que é de 8%. “Fazendo com que muitas vezes os hospitais e clínicas retirem dinheiro dos seus caixas e contraiam empréstimos para atender o servidor do Estado”, afirma a nota.

Verdade à tona
Ao final, mesmo sem entrar diretamente nas denúncias que vieram a público semana passada, o Sindessto diz que confia no Ministério Público Estadual e na Polícia Federal “para que tragam a verdade à tona”. “É lamentável que nosso tão jovem Estado, de imenso potencial, seja governado por pessoas indignas dos seus cargos e ofendam prestadores de serviços que atuam com seriedade, pois estes prestadores de serviços têm sido os financiadores do tratamento de saúde dos servidores no lugar do Estado, havendo inversão de obrigação”.

Confira a íntegra da nota:

NOTA DO SINDESSTO

O Sindicato dos Estabelecimentos de Serviço de Saúde do Estado do Tocantins – SINDESSTO – vem a público rebater as infelizes declarações do atual ocupante do cargo de Governador do Estado, senhor Mauro Carlesse, que insinua que as denúncias recentes de corrupção no PlanSaúde tenham relação com mudanças de regras que supostamente teriam reduzido o faturamento dessas empresas.

Há muitos anos o PlanSaúde não arca com seus compromissos com os prestadores de serviços, pois os atrasos de pagamentos estão sempre violando o contrato que prevê atrasos de no máximo 90 dias. Muito pior do que isso, é comum que esses atrasos cheguem a terríveis oito meses, forçando os hospitais e clínicas a arcarem com juros de empréstimos para continuarem o atendimento e honrar com o salário dos seus colaboradores, evitando assim a perda do sustento de milhares de famílias, o que abalaria a economia do Estado.

Mesmo atrasando o pagamento, o Estado continua recolhendo dos servidores o valor da contribuição do PlanSaúde, tornando claro que os atrasos são propositais para estrangular os prestadores de serviço e forçá-los a cair em armadilhas. Recente notícia no portal G1 deu conta de que o valor que o Funsaúde possui em caixa passa de 300 milhões de reais, enquanto que a dívida do PlanSaúde com os prestadores de serviço chega a 95 milhões – ou seja, fica provado que há o recurso de sobra, só não há a intenção do governo em quitar as suas obrigações contratuais e permitir que as empresas operem com tranquilidade o seu serviço.

Não bastasse este cenário de atrasos constantes, em que os prestadores mantêm seu compromisso com os usuários, o PlanSaúde ainda opera altos cortes nos pagamentos – as chamadas “glosas” – em valor percentual muito superior ao padrão de mercado, que é de 8%, fazendo com que muitas vezes os hospitais e clínicas retirem dinheiro dos seus caixas e contraiam empréstimos para atender o servidor do Estado – isso se é que recebam o valor do serviço prestado! Estas glosas são feitas sem cabimento e sem critério, com o único intuito de prejudicar os prestadores e poder utilizar este dinheiro do PlanSaúde sabe-se lá onde.

Resumindo, não há como dizer que as regras novas do PlanSaúde reduziram ou reduzirão o faturamento de empresas que sequer estão recebendo!

Confiamos no Ministério Público Estadual e na Polícia Federal para que tragam a verdade à tona. É lamentável que nosso tão jovem Estado, de imenso potencial, seja governado por pessoas indignas dos seus cargos e ofendam prestadores de serviços que atuam com seriedade, pois estes prestadores de serviços têm sido os financiadores do tratamento de saúde dos servidores  no lugar do Estado, havendo inversão de obrigação.

Os hospitais e clínicas filiados ao SINDESSTO sempre mantiveram seu compromisso com os clientes usuários do PlanSaúde e com seus quadros de trabalhadores e contam com a colaboração e compreensão de toda a sociedade tocantinense para que este cenário se encerre e a justiça prevaleça para todos os envolvidos.(CleberToledo)