Aguarde, carregando...

Professor usa poesia para alertar sobre as queimadas no Tocantins

Por GILVAN BALBINO CALÇADOS

09/07/2020 03:00h

O Professor José Wilton Costa, da Rede Estadual de Ensino, escreveu um Cordel para ilustrar a sua preocupação sobre as queimadas, especialmente no que diz respeito aos danos por ela causados.

O Tocantins, nessa temporada seca, padece com os problemas decorrentes das queimadas, sendo notícia em todos os veículos de comunicação a ação danosa de atear fogo nas vegetações com finalidades diversas.

O número de queimadas no bioma Amazônia no mês de junho maior foi o maior observado para o mês desde 2007, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Veja a poesia emocionante do professor, que é licenciado em Letras pela Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), atualmente atuando como Técnico de Inspeção Escolar, tem ampla experiência na área educacional, se destacando como um dos agitadores culturais do Tocantins.

Confira a poesia

 

FALA PRA NÓS, CIDADÃO, VAI DEIXAR TUDO QUEIMAR?

 

 

 

Por que o Brasil queima tanto, que necessidade há?

De se queimar tudo em quanto, que razão podemos dar?

Parece até uma doença difícil de se explicar

De ver queimando a vida, e aquilo que a vida dá

Por isso é que eu pergunto, desculpa se incomodar:

Fala pra nós, cidadão,vai deixar tudo queimar?

 

Pra todo lado há queimadas, estamos perdendo quanto?

São queimadas criminosas, no Tocantins é um “encanto”

Às vezes são necessárias, se diz da sobrevivência

Mas a maior parte delas é falta de consciência

Portanto, fica a pergunta, esta que não quer calar:

Fala pra nós, cidadão,vai deixar tudo queimar?

 

Atento a estas questões, o povo precisa estar

Ver quais são as pretensões dos que querem devastar

Por que o povo se cala vendo tantas agressões?

À fauna, flora e os rios, cidade, campo e sertões

A mídia, às vezes calada, tem medo de perguntar:

Fala pra nós, cidadão,vai deixar tudo queimar?

 

O homem, inconsequente, destrói sem saber a quem

De maneira intransigente, não dá valor ao que tem

Em tudo tocando fogo, achando que é normal

Esperando pelo “novo”, o pobre homem mortal

E a natureza sofrendo, vendo alguns a indagar;

Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?

 

 

Brasil afora queimando, espécies prejudicadas

Florestas vão se acabando, onde as cinzas são deixadas

De ozônio , a camada, não tarda a se findar

Na rapidez da queimada, ecossistemas não há

O ar, o rio, fauna e flora, seguem como a implorar:

Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?

 

No Tocantins, fortemente, de modo particular

As queimadas contribuem pra poluição do ar

Elas aqui já são tantas, basta pras serras olhar

Efeito estufa crescendo, difícil até respirar

É triste o que se vê, e é justo interpelar:

Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?

 

O cerrado, que é frágil, o fogo fácil destrói

O solo, de modo ágil, a queimada o corrói

Do pequi à melancia, do abacaxi à banana

Eram coisas que se via, as frutas que a gente ama

A soja tomou de conta, vale a pena questionar:

Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?

 

Portanto, amigo leitor, que viu isto até agora

O Cordel que escrevi, que sirva pra nesta hora

Fazer você repensar e buscar a consciência

De entender que a natureza tá perdendo a paciência

Saiba, amigo, é você, o cidadão, afinal

Que tem o poder nas mãos, pra acabar com este mal

Que pode conscientizar, que deve ter a opção

De alternativas buscar, pra encontrar a solução

Para que a nossa casa, não venha inteira queimar

Vale tudo, vale a pena, vale até denunciar

Se o risco for eminente, podemos até gritar:

Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?

 

 

Autor: José Wilton Costa, professor de Educação Básica – SEDUC-TO

Julho, 2020