Professor usa poesia para alertar sobre as queimadas no Tocantins

O Professor José Wilton Costa, da Rede Estadual de Ensino, escreveu um Cordel para ilustrar a sua preocupação sobre as queimadas, especialmente no que diz respeito aos danos por ela causados.
O Tocantins, nessa temporada seca, padece com os problemas decorrentes das queimadas, sendo notícia em todos os veículos de comunicação a ação danosa de atear fogo nas vegetações com finalidades diversas.
O número de queimadas no bioma Amazônia no mês de junho maior foi o maior observado para o mês desde 2007, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Veja a poesia emocionante do professor, que é licenciado em Letras pela Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), atualmente atuando como Técnico de Inspeção Escolar, tem ampla experiência na área educacional, se destacando como um dos agitadores culturais do Tocantins.
Confira a poesia
FALA PRA NÓS, CIDADÃO, VAI DEIXAR TUDO QUEIMAR?
Por que o Brasil queima tanto, que necessidade há?
De se queimar tudo em quanto, que razão podemos dar?
Parece até uma doença difícil de se explicar
De ver queimando a vida, e aquilo que a vida dá
Por isso é que eu pergunto, desculpa se incomodar:
Fala pra nós, cidadão,vai deixar tudo queimar?
Pra todo lado há queimadas, estamos perdendo quanto?
São queimadas criminosas, no Tocantins é um “encanto”
Às vezes são necessárias, se diz da sobrevivência
Mas a maior parte delas é falta de consciência
Portanto, fica a pergunta, esta que não quer calar:
Fala pra nós, cidadão,vai deixar tudo queimar?
Atento a estas questões, o povo precisa estar
Ver quais são as pretensões dos que querem devastar
Por que o povo se cala vendo tantas agressões?
À fauna, flora e os rios, cidade, campo e sertões
A mídia, às vezes calada, tem medo de perguntar:
Fala pra nós, cidadão,vai deixar tudo queimar?
O homem, inconsequente, destrói sem saber a quem
De maneira intransigente, não dá valor ao que tem
Em tudo tocando fogo, achando que é normal
Esperando pelo “novo”, o pobre homem mortal
E a natureza sofrendo, vendo alguns a indagar;
Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?
Brasil afora queimando, espécies prejudicadas
Florestas vão se acabando, onde as cinzas são deixadas
De ozônio , a camada, não tarda a se findar
Na rapidez da queimada, ecossistemas não há
O ar, o rio, fauna e flora, seguem como a implorar:
Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?
No Tocantins, fortemente, de modo particular
As queimadas contribuem pra poluição do ar
Elas aqui já são tantas, basta pras serras olhar
Efeito estufa crescendo, difícil até respirar
É triste o que se vê, e é justo interpelar:
Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?
O cerrado, que é frágil, o fogo fácil destrói
O solo, de modo ágil, a queimada o corrói
Do pequi à melancia, do abacaxi à banana
Eram coisas que se via, as frutas que a gente ama
A soja tomou de conta, vale a pena questionar:
Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?
Portanto, amigo leitor, que viu isto até agora
O Cordel que escrevi, que sirva pra nesta hora
Fazer você repensar e buscar a consciência
De entender que a natureza tá perdendo a paciência
Saiba, amigo, é você, o cidadão, afinal
Que tem o poder nas mãos, pra acabar com este mal
Que pode conscientizar, que deve ter a opção
De alternativas buscar, pra encontrar a solução
Para que a nossa casa, não venha inteira queimar
Vale tudo, vale a pena, vale até denunciar
Se o risco for eminente, podemos até gritar:
Fala pra nós, cidadão, vai deixar tudo queimar?
Autor: José Wilton Costa, professor de Educação Básica – SEDUC-TO
Julho, 2020