JJ Leandro lança primeiro livro de contos

O livro, primeiro a ser lançado após o romance Memórias de Petelico (2011), foi publicado pela Editora Penalux (SP) e é o primeiro de contos do autor.

Segundo jjLeandro, que soma a esse lançamento outros quatro títulos publicados, O Velório traz contos caracterizados como brevíssimas narrativas, por isso intitulados nanocontos, uma vertente literária que evoluiu muito com a publicação de textos nas redes sociais. ‘São narrativas que variam de uma a vinte linhas”, esclarece.

O Velório de Mais de Vinte Anos, novo livro do escritor jjLeandro, tem lançamento programado para dia 9 de março, 20h, na AABB de Araguaína, onde mora o autor.

Talvez por serem tão sumários, o livro contém quase duzentos contos em 218 páginas que jjLeandro dividiu em duas partes. A primeira, intitulada ‘contos para ler com lupa’, apresenta os maiores com até vinte linhas; na segunda, ‘contos para ler ao microscópio’, as produções dificilmente excedem cinco linhas. ‘É um tipo de produção de contos bastante popular entre os autores atuais’, relaciona o escritor, acrescentando ‘que é muito peculiar porque exige devido à sumariedade do texto que o leitor seja cúmplice do autor. Esse tipo de texto, que quanto mais curto mais se assemelha a um enigma, obriga o leitor a um conhecimento prévio que complemente as informações que o escritor dispõe nele. Isso é fundamental para o entendimento do conto. Não é nada complicado, porque são informações repassadas via senso comum e praticamente estão ao alcance de todo mundo’, justifica.

Conteúdo

Para jjLeandro, o importante no livro, que ele persegue com sua publicação, é a interação com o leitor e que ele possa ser instigado ‘a ser também autor, porque atrás de cada pequeno conto existe uma grande história e um grande enredo dos quais o leitor irá se ocupar, questionando-se e imaginando-os muito além seu sequenciamento’.

Luíza Silva, professora da UFNT (Universidade Federal do Norte do Tocantins), prefaciadora de O Velório, observa que o livro é um convite que ‘se oferece aos que aceitam seguir os movimentos do olhar de jjLeandro por sujeitos e paisagens, espiando pequenos dramas que são deles, do povo do mundo da ficção, mas que sinalizam terem sido arrancados do mundo em que vivemos. Como narrativas breves, vai depurando a fórmula que parte da lupa ao microscópio, quando o exercício bem experimentado do fazer poético encontra na síntese o valor máximo da expressão e da surpresa que deve caracterizar o próprio gênero’.

Trecho da obra

Na contracapa, O Velório de Mais de Vinte Anos traz fragmento do conto que dá título ao livro: ‘Ficava ali ao ar livre, brisa ou bochorno da tarde, encarquilhando mais a pele, afundando os olhos nas órbitas, murchando a boca, encurvando o nariz e mumificando os ossos. Imóvel qual estátua até retirarem-no da câmara-ardente que mais parecia um castigo pela longevidade alcançada. À noite, voltava ao esquife para deitar sobre o branco pano mortuário sem uma palavra pronunciada, sem um gemido de protesto ou um olhar de agradecimento se acaso lhe fossem gentis. Quando finalmente morreu, foi sepultado imediato porque a família julgava tê-lo velado por mais de vinte anos’.

Ascom Acalanto