Aguarde, carregando...

Integrantes de facção criminosa planejavam matar mulher presa em operação da polícia; veja diálogo

Suspeitas presas pela Polícia Civil — Foto: Dicom/Divulgação

Por GILVAN BALBINO CALÇADOS

25/10/2019 03:00h

Escutas telefônicas revelaram à Polícia Civil que integrantes de uma facção criminosa planejavam matar uma mulher de um grupo rival. A pessoa citada é conhecida por 'Lora' e foi presa nesta quinta-feira (24). No diálogo os suspeitos chamados de Beatriz e Sanguinário chamam os adversários 'lixo' e disseram que eles deveriam estar em caixões.

As gravações das conversas foram feitas com autorização da Justiça e fazem parte da investigação que deu origem à operação Rosetta. A ação aconteceu em seis cidades do Tocantins para para prender mulheres que ocupavam altos cargos em grupo criminoso. Ao todo, 14 pessoas foram detidas.

Os dois investigados conversaram momentos após a operação ser deflagrada. Beatriz falou das prisões e contou que entre as detidas estava uma mulher que ela e as comparsas planejavam matar.

Sanguinário: E ai como é que tá a força desse lado ai minha guerreira?

Beatriz: Tá tranquilo, pô!

Sanguinário: E ai né? Tá calmo?

Beatriz: Cara você ficou sabendo da operação que teve aqui hoje?

Sanguinário: Não véi. Que que foi?

Beatriz: Uai, foi preso aqui uns seis, mas foi dos lixo, pô. Num tem a tal da Lora?

Sanguinário: Ah então tá de boa. Dos lixo nois nem pega, tá ligado? Agora se fosse entre nois era outra coisa, né irmã?

Durante a conversa eles expressam ódio pelo grupo rival. O homem chega a falar, em tom de ameaça, que deseja 'eliminar' os adversários.

Sanguinário: Para esses lixo ai é só caixão pra eles mesmo.

Beatriz: Ora! Nois tava planejando aqui matar a Lora, mas foi presa antes, pô.

Sanguinário: Hum, entendeu irmã. Mas é nois. Daqui uns dias nois tamu pingando aí nesse povoado pra vê se nois dá uma ajuda aí pra eliminar essas raça.

O delegado Eduardo de Menezes comentou a violência da dupla e disse que a principal causa dos homicídios no Tocantins está ligada à rivalidade entre facções criminosas. Outras escutas telefônicas mostraram como elas atuavam e os planos para ganhar dinheiro com o crime.

A operação
 
A operação Rosetta cumpriu 13 mandados de prisão em seis cidades do estado, 11 deles contra mulheres. A polícia informou que todas as mulheres investigadas possuem “cargos” importantes dentro da facção, gerenciando, ordenando e executando tarefas de relevância.

Os mandados foram cumpridos em seis cidades do Tocantins: Araguaína, Aliança do Tocantins, Miracema, Pium e Pedro Afonso, além de Palmas. O objeto da ação foi desarticular a participação dessas mulheres no grupo criminoso.

A operação foi realizada pela Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deic) de Palmas. Participaram da ação 14 equipes de policiais civis das divisões de Combate ao Crime Organizado, Investigações Criminais, Repressão a Narcóticos e Homicídios.

A operação ganhou o nome por causa de Rosetta Cutolo, irmã do chefe de uma facção criminosa da Itália. Ela teria orquestrado, em 1978, a fuga de seu irmão de uma unidade hospitalar psiquiátrica. Até aquele momento, não se tinha registros da participação feminina em altos cargos de decisão e gerenciamento de organizações criminosas.(G1)